Todas as datas comemorativas sempre foram dias muito felizes para mim. Por mais que a maioria diga que não passam de datas comercias, que o intuito é vender produtos e que o verdadeiro sentido de cada uma fique perdido, eu sempre valorizei cada uma.
Sempre interpretei como uma possibilidade de estar com quem amo e dar presentes. Se não for em datas comemorativas fazemos isso quando? Envolvidos na rotina, cheios de compromissos, com dias cada vez mais atribulados, sempre deixamos para depois o telefonema, o encontro, o almoço em família, a compra de um presente.
As datas religiosas, embora não tenham sentido para mim, tinham para minha mãe, sempre muito católica. E eram motivo de festa, de doces, de comemorações, de reuniões, de encontros, de bolos maravilhosos. Eram verdadeiros eventos que a mobilizavam e contagiavam a todos.
Hoje todas as datas que eu gostava, incluindo a Páscoa, minha preferida, não fazem sentido algum. Consigo perceber o quanto essas festividades são ingratas e cruéis com quem, como eu, perdeu alguém que muito amava e que comemorava cada uma delas. Ou com quem, por alguma razão, nunca teve a presença dos pais ou nunca pôde festejar essas datas.
Não adianta falar que preciso acreditar em deus. Não é sobre isso que estou escrevendo. É sobre convenção social. É sobre hábitos. É sobre costume. Que, independente da crença de cada um, interfere, de alguma maneira, na vida de todos nós. Aproveito o momento para indicar a leitura do livro “Religião para ateus”, que pode ser tema para outra crônica.
O calendário ocidental está aí. Os feriados estão aí. As festividades estão aí. Quer queira, quer não. A sua dor não impede o curso da vida. Seus traumas não paralisam a existência das coisas. Seu luto não evita que os demais estejam alegres. E, por mais que um dia você se acostume, as mesmas datas têm um novo significado. Ou nenhum. E, ainda que não façam sentido, não tem como ficar indiferente a elas.
As pessoas vão sair da missa com ramos, lojas vão estar abarrotadas de ovos de páscoa, as pessoas vão falar do dia das mães. Não há como fugir, como evitar, como se esconder, como impedir. Só se acostumar. E tentar criar outros rituais.
Mas, quem ainda não entende o que estou dizendo (e espero que não entenda nunca!) eu peço: sejam empáticos. Nem todos estão tão alegres quanto você. Nem todos valorizam essas datas. Nem todos estão animados. Cada pessoa é um mundo desconhecido, passa por situações diferentes e pode não ver essas datas com o mesmo entusiasmo. E tem lá suas razões.
Não critique. Não julgue. Não faça sermão. Aproveite todas as datas como julgar mais conveniente para você. E deixe que os outros façam o mesmo, a seu modo.
Feliz Páscoa. E feliz todas as datas.
Parabéns Gisele!
Vc escreve muito bem e eu te entendo perfeitamente,pois já passei pela dor da perda de minha irmã, que faleceu de acidente de carro no dia vinte e oito de dezembro com apenas vinte e quatro anos e senti e sinto até hj o mesmo que vc está sentindo agora .
O tempo nos ajuda muito ,mas tudo muda a partir da perda e essas datas nos fazem lembrar e sentir muita saudade.
Fique na paz e receba um carinhoso abraço de quem te admira e gosta demais dos seus textos.
Tia Helena😘❤️
Sei como se sente, pois a 26 anos perdi meu pai e desde então a saudade só aumenta e quando estas datas se aproximam fico saudoso de sua presença física, de seu sorriso, de seu abraço, de suas palavras de carinho. Mas, por outro lado, lembro de sua alegria também nestas datas e só por isso não me permito mais ficar triste – com SAUDADE SIM, triste NÂO – pois sei que meu pai não gostaria de me ver triste. Pessoas reagem a seu modo nas mais diversas situações e quem sou eu para criticar a sua?; apenas acredito que mesmo estando do outro lado da vida meu pai, vê, sente, se alegra, com as minhas orações nestas datas que faço para ele, pedindo a DEUS que o ilumine e que ele possa estar orgulhoso de mim que aqui fiquei e que um dia vou encontra-lo. Entendo o seu sentimento, sua saudade, até mesmo sua tristeza nestas datas, mas, nunca, jamais, em hipótese alguma deixe de acreditar em DEUS, essa Presença que a tudo penetra e alcança, pois, mesmo que você não acredite na VIDA além da VIDA, um dia você e sua mãe estarão lado a lado, assim com eu estarei lado a lado com o meu pai.
Creio que as datas comemorativas geram muitas vezes uma vertigem ou rebuliço de contentamento em cada um de uma maneira tão sublime, agridoce e indiferente.E os costumes, também contribuíam para essa configuração sinuosas no indivíduo.