Eu nunca usei aliança, aquela de metal, de prata ou de ouro, nem mesmo de bijuteria. Nunca fiquei noiva, ainda não casei de papel passado e não troquei alianças diante de um padre numa igreja toda decorada com flores. Acho tudo isso lindo, lindo, de verdade. Sou romântica, sim, e não só respeito o ritual da cerimônia do casamento como gosto.
Pretendo, algum dia, vestir um vestido branco, colocar flores no cabelo, casar descalça numa praia ou num jardim bonito e dizer sim para o homem que amo diante de um belo pôr-do-sol. Mas mesmo antes disso acontecer, eu quero falar sobre o que eu aprendi a respeito de alianças.
Quero falar das alianças que não enfeitam os dedos das mãos, das alianças que não são simbólicas, daquelas que ninguém além de você e o seu parceiro enxergam, das alianças invisíveis, indivisíveis e de valor imensurável. Em suma: as alianças mais preciosas que existem.
O que eu aprendi sobre a verdadeira aliança é o que eu vejo se construindo no dia-a-dia, a cada amanhecer preguiçoso de caras amassadas com vontade de ficar grudado na cama até mais tarde, no café que se prepara com a quantidade de açúcar que o outro gosta, na vontade de ir para casa correndo depois de um longo dia de trabalho, na saudade aguda que se sente depois de um dia atarefado, quando mal dá tempo de falar ao telefone, no alívio de repousar naquele colo, mas só serve se for aquele, o dele, o dela.
Nos momentos únicos, nas coisas exclusivas, nas histórias que só pertencem aos dois, nos segredos da intimidade, na sutileza dos detalhes. As alianças estão ali. Na forma como só ele sabe fazer para acalmá-la, na fórmula mágica que só ela conhece de como desarmá-lo. A magia está na rotina. Eu jamais pensei que diria isso algum dia, mas o que eu descobri sobre o amor que se constrói diariamente é que ele está mesmo na rotina. Não naquela rotina de acordar, preparar o café, desejar bom dia, sair para trabalhar, voltar, desejar boa noite, dormir, acordar e fazer tudo de novo.
Falo da rotina do cuidado, do carinho, da entrega, da generosidade, da vontade de ver o outro bem, do desejo de vê-lo se realizando, de procurar meios de fazer o seu dia mais feliz. Mas isso só funciona, é claro, quando é uma via de mão dupla. Qualquer um, com o tempo, cansa dessas boas intenções quando se está sozinho com elas.
É possível enxergar melhor a força dessa aliança quando o momento é ruim ou a fase é difícil. É na hora que as coisas não vão bem que aquela rotina do cuidado e da entrega ganha um peso maior. O amor se fortalece nos momentos bons para tornar as alianças de aço nas horas difíceis.
Um casal que decide juntar suas escovas de dentes, independente de existir uma troca de alianças de compromisso ou não, deve ser, acima de tudo, aliado. Ser aliado é muito mais importante do que ser casado.
Os aliados, esses sim, são os eternos parceiros, amigos e amantes. Esses, possivelmente, serão aqueles que farão valer a frase: “E foram felizes para sempre…”