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Perfeitos Desconhecidos

Procurando um filme para assistir, me deparei com “Perfeitos Desconhecidos”, do qual nunca tinha ouvido falar. A história? Sete amigos de longa data se reúnem para um jantar e resolvem fazer a seguinte brincadeira: colocar todos os aparelhos de celular na mesa e compartilhar o conteúdo de cada mensagem de texto, e-mail e ligações que recebem. No jogo, muitos segredos começam a se revelar, provando que nem todos se conhecem de verdade.

O filme não é uma obra de arte, mas é interessante e divertido. Afinal, conhecemos verdadeiramente as pessoas com as quais convivemos? Elas são exatamente como se apresentam para nós? Nossos pais, irmãos, amigos, cônjuges, guardam segredos? O filme não é profundo, mas nos leva a refletir sobre os relacionamentos, sobretudo os conjugais.

Quem colocaria o celular sobre a mesa, desbloqueado, sem se preocupar? Acredito que poucos. Pelas tantas histórias que conheço de homens em redes de relacionamento mesmo sendo casados, de pessoas em grupo de WhatsApp que só compartilham fotos e vídeos impróprios, de gente que mantém contato com ex mesmo tendo jurado que não  faz isso, não são poucas. E, tenho certeza, você também conhece.

No filme os relacionamentos amorosos entram em colapso quando as mensagens começam a ser compartilhadas. Não só pelas provas de traição. Mas por diversos segredos que, pouco a pouco, começam a ser revelados, como a esposa que está buscando asilo para sogra sem que o marido saiba, o amigo que procura hospedagem mais barata ao programar uma viagem por acreditar que o outro não tem dinheiro suficiente, e muito mais.

E pergunto: você é uma pessoa congruente? Seus comportamentos correspondem com exatidão ao que você demonstra no cotidiano? Ou você é uma capa, uma fraude, um personagem? Talvez o objetivo da nossa vida seja, cada vez mais, ser o que somos. Sem máscaras, mentiras e segredos.

Não raro nos surpreendemos com as atitudes das pessoas. Algumas consideradas exemplares chegam a ser criminosas. Homens de “bem” presos por pedofilia, líderes religiosos que cometem abusos sexuais, políticos presos por corrupção depois de fazer campanhas eleitorais em que juravam que combateriam este crime. Pessoas que falam uma coisa e fazem outra estão presentes em nosso dia a dia. Todos os dias.

O que você é? O que você deseja ser? O comportamento que você tem hoje quando longe de seus amigos, familiares e cônjuges destruiria esses relacionamentos se fossem descobertos? Tudo o que fazemos impacta, de alguma maneira, na vida de outras pessoas. Principalmente daquelas que amamos.

Não acho que devemos compartilhar nossas senhas, ter perfil de casal nas redes sociais nem contar cada detalhe da rotina. Um relacionamento amoroso precisa ser baseado no respeito e na confiança. Mas é sempre importante refletir se o que fazemos, nas redes sociais ou fora delas, são compatíveis com as relações que desejamos construir e, principalmente, cultivar.

Num mundo de filtros, sorrisos mentirosos, fotos posadas, declarações falsas e notícias inventadas, não há nada mais subversivo do que a verdade. Seja verdadeiro. Ser verdadeiro é ser livre.

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Infidelidade emocional

Traição é um tema espinhoso e muitas vezes dolorido. É difícil encontrar alguém que nunca tenha sido traído. Mas, afinal, o que é traição? Quando falamos em infidelidade a maioria das pessoas imagina um relacionamento com conotação sexual. No entanto, muitos casos de infidelidade começam muito antes da relação sexual em si, com uma “amizade especial”. Que, justamente por não ter beijos, carícias e encontros sexuais, os envolvidos nem se dão conta de que estão traindo os seus parceiros.

É claro que pessoas comprometidas não estão proibidas de terem amigos e conviver com outras pessoas. Mas amigos não têm atração um pelo outro, não compartilham coisas em segredo, não se encontram às escondidas, não precisam omitir ou esconder as conversas que possuem nas redes sociais. Se você mantêm uma amizade em segredo, ainda que não tenha tido relação sexual, não deixa de ser traição. E isso tem um nome: infidelidade emocional.

Quais são os limites que separam uma amizade da infidelidade? Como avaliar se a amizade é só amizade? Para início de conversa: você apresentou o novo amigo ao parceiro? Ou faz questão de inventar pretextos para encontra-lo a sois? Das vezes que se encontram comenta com o parceiro? Ou faz questão de omitir os encontros?

Se você depende emocionalmente desta terceira pessoa, revela coisas íntimas do seu relacionamento, apaga as mensagens, inventa desculpas para encontrá-la e conversa sobre assuntos que o companheiro não pode saber, provavelmente você está traindo mesmo que não tenha se dado conta disso.

A infidelidade, seja ela física ou emocional, traz sequelas ao relacionamento amoroso, pois a aproximação emocional com outra pessoa direciona a atenção para além do relacionamento do casal. Uma amizade não significa infidelidade, mas uma necessidade de aproximação, atração e desejo de contar coisas para o amigo e não para o companheiro, é traição sim.

Amizades não trazem culpa, não são misteriosas, não precisam são escondidas. Se você precisa esconder o seu amigo do companheiro e ficar justificando a todo momento “somos apenas amigos”, há algo errado. Seja um contato virtual ou um almoço aparentemente inocente, se não pode ser compartilhado com o seu companheiro, não é só uma amizade.

Em um relacionamento saudável as pessoas não sentem obrigação de prestar contas todos os dias, não há a obrigatoriedade de relatar cada passo, cada mensagem e cada telefonema, mas também não há necessidade de esconder ou omitir a existência de conversas e pessoas específicas.

É muito comum acreditar que só há traição quando existe sexo, mas se distanciar do parceiro, priorizar uma pessoa fora da relação, querer contar as boas novas para outra pessoa e se sentir mais à vontade com ela é envolvimento emocional. Tão ou ainda mais grave do que uma relação sexual.

Cuide bem da sua relação amorosa.

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Amor, ganhamos!

Dia desses, voltando do trabalho para casa, desviei o caminho. Centro do Rio de Janeiro você sabe como é: melhor evitar rua deserta demais. O novo percurso era mais movimentado, iluminado e considerei mais seguro. Foi quando entre tantas pessoas, um homem, com um telefone na mão, passou na minha frente. E não pude deixar de ouvir a conversa. Ou uma parte dela.

Muito animado, com uma voz eufórica, andando rápido, gritou quando foi atendido: amor, ganhamos! Enquanto ele falava entendi que era advogado e a causa que defendia tinha muita importância para ele. Falou em valores de indenização, em como foi a defesa, até que me distanciei e não pude ouvir mais.

Naquele dia fui para casa pensando no quanto é bacana ter alguém para ligar quando algo bom acontece. E que maravilhoso é quando o seu amor é o seu amigo. A pessoa para quem você quer ligar, contar as novidades e comemorar. Demonstrar todo alívio, se sentir vitorioso, compartilhar as experiências vividas.

Aquela ligação me tocou. Quantos casais tem no parceiro o seu amigo, confidente e companheiro? Quantos pensam em ligar primeiro para o cônjuge quando tem alguma novidade? Quantos têm a certeza de que o companheiro está torcendo pelo seu sucesso? Quantos confiam que são ouvidos e têm suas falas acolhidas?

As pequenas situações cotidianas revelam a importância da relação amorosa na vida das pessoas. Poder contar com o companheiro é uma delas. Talvez a mais importante. Ter para quem dar a mão, receber um abraço de conforto, uma palavra de estímulo, um colo ou um sorriso é revigorante. Saber que tem alguém que torce por você também.

Por mais que as pessoas vivam juntas, compartilhem o mesmo teto e dividam a cama, cada pessoa tem a sua história, a sua trajetória, o seu jeito de ser, e uma maneira própria de olhar para o relacionamento. Mas de que vale compartilhar a vida com alguém se não é para somar esforços? Se não é para ter um amor, amante, amigo, companheiro na mesma pessoa?

Quantos podem pegar o telefone no meio da rua e falar “amor, ganhamos!”? Sentir que do outro lado da linha há uma vibração positiva, uma voz animada, alguém que ficou feliz por saber que o outro está feliz?

Todo mundo precisa de companheiro que ouve com entusiasmo as conquistas do outro, torce, vibra e incentiva. Seja essa pessoa. E ame alguém que faça o mesmo sobre as suas conquistas. Afinal, em uma relação amorosa saudável, quando um ganha, ganham os dois.

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Não quebre a confiança de quem você ama

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Certa vez, em uma palestra que assisti sobre Ética, do Clóvis de Barros, ele abordou o tema fidelidade para exemplificar a questão. E disse que, ao ser fiel com quem acordou uma relação monogâmica, você não está sendo fiel ao cônjuge, está sendo ético aos princípios que você estabeleceu.

Infidelidade é um tema polêmico, controverso e curioso. Tanto que os textos mais visualizados, compartilhados e comentados que escrevi até hoje falam de traição. E isso não é por acaso. Todo mundo conhece alguém que já foi traído. Ou já sofreu a dor de uma traição. Que nada mais é do que a dor de ter confiado em alguém que não foi capaz de cumprir sua palavra e lhe magoou. Que nada mais é do que a dor de descobrir que o ser amado é antiético.

Confiar em alguém leva tempo e não acontece da noite para o dia. Não é algo instantâneo que acontece entre uma troca de olhares. Tanto assim que ninguém dá a chave de casa para um desconhecido na rua. Nem o CPF, dados bancários ou endereço para quem acabou de conhecer. Nem entrega, de bandeja, os seus sentimentos mais puros, seus sonhos, seu amor e a sua confiança para qualquer um.

A convivência faz com que as pessoas confiem umas nas outras. Faz com que dividam, além dos sonhos, declarações de amor e intimidade, a própria vida. Faz com que a gente acredite que a pessoa vai estar lá para uma mão amiga, um ouvido imparcial, uma palavra de incentivo e qualquer tipo de ajuda. Faz com que a gente acredite que a pessoa vai cumprir com o que se comprometeu, afinal, ela é de confiança.

Dificilmente alguém vai casar, morar, se relacionar com quem não confia. Com quem não é possível dizer a verdade, com alguém que não nos permite ser quem somos. Exatamente por isso sinta-se honrado em ter a confiança de alguém. E faça de tudo para não destruir o que levou tempo para construir.

Como dizem por aí, uma vez quebrada a confiança não pode ser restaurada. É como uma louça que se partiu em mil pedaços e, depois de colada e cheia de remendos, pode permanecer ali, exercendo a sua função, mas não vai voltar a ser como era. Porque pessoas também saram, mas guardam cicatrizes. Às vezes invisíveis.

Voltemos ao primeiro parágrafo: infidelidade é falta de ética. Demonstra que a pessoa não sabe respeitar as regras, princípios e valores que estabeleceu com o companheiro. E, além disso, que não é capaz de cumprir a própria palavra e não julga a relação importante o bastante para evitar um prazer momentâneo.

Há outras maneiras de se relacionar que não o relacionamento monogâmico. E ninguém é obrigado a seguir regras com as quais não concorda. Mas, uma vez que tenha concordado, é de uma irresponsabilidade gigantesca menosprezar a confiança que levou anos para ser construída e demonstrar que é apenas mais uma pessoa antiética. Como tantas.

O mundo precisa de pessoas nas quais podemos confiar. De toda alma e coração. Seja essa pessoa. Não quebre o que existe de mais importante em um relacionamento: a confiança de quem você ama.

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