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A Pandemia e a certeza de que muitos não sabem viver em sociedade

Cada cidade do país adotou uma medida para conter o avança do novo coronavirus. Em Niterói, onde moro, até lowckdown fizemos. Mas o que vimos? Pessoas sem máscara, mesmo depois que se tornou obrigatório, se recusando a manter a distância uma das outras, mesmo com sinalização nos estabelecimentos, correndo em grupo, mesmo sabendo que devem fazer exercícios sozinhos, indo visitar familiares, mesmo cientes de que ir para casa dos outros não é isolamento social, e até fazendo festas.

Um espetáculo de desrespeito, falta de empatia, descrença na ciência, despreocupação com o outro, deboche com as vidas tiradas com o vírus, indisciplina. E vimos, dia a dia, que muitos não estão preparados para viver em sociedade, não entendem que seus comportamentos afetam outras pessoas, não somente a si mesmo.

Muitas vezes, ao olhar pela janela, eu me senti uma idiota. Pessoas correndo, andando e se exercitando nas ruas como se nada estivesse acontecendo. Estamos em casa para que elas tenham as ruas livres? Mas depois me conformava com o fato de que agindo corretamente estava protegendo a mim e a minha família e nada poderia fazer sobre os outros.

Mas é difícil, sabe? Como ser tolerante com quem não tem compromisso com o respeito? Dá uma tristeza saber que para muita gente a vida alheia não tem valor nenhum. Que não seguem regras, não aceitam orientações, debocham da pandemia, agem como se tudo fosse uma farsa com o número cada vez maior de vítimas de covid19. No Brasil e no mundo.

A pandemia veio esfregar na nossa cara o que muitos de nós já sabíamos: a maioria não sabe viver em sociedade. Existem pessoas se julgam superiores a tudo e a todos, desrespeitaram as orientações e não se preocupam com ninguém. E elas estão entre nós.

Façamos nós a nossa parte.

Crônica publicada no blog de Giseli Rodrigues no dia 12 de junho de 2020.

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Pandemia e Amor-próprio

De uma hora para a outra tivemos nossas rotinas viradas de cabeça para baixo, a casa transformada em ambiente familiar, social, corporativo e acadêmico, orientados a permanecer em casa longe dos amigos e familiares.

Temos falado muito sobre afeto em tempos de isolamento social, que a distância também é uma manifestação de amor, que isolamento não é sinônimo de solidão, que é possível demonstrar amor mesmo longe, que estar longe fisicamente não significa estar ausente.

Estamos todos nos adaptando a uma nova realidade, uns com mais facilidade que outros, é verdade, mas todos demonstrando que o ser humano tem uma capacidade incrível de se adaptar às mudanças e encontra força na adversidade – mesmo quando acredita que não.

O amor continua vivo, mesmo diante de tantos discursos de ódio e desprezo pela vida. E tenho lido muitas notícias de pessoas que colocaram comunicado no elevador, oferecendo ajuda aos idosos, estão escrevendo bilhetes e deixando embaixo da porta dos vizinhos, fazendo vídeo-chamadas, ligando e mandando mensagens para se mostrar presentes e oferecer ajuda, fazendo quentinhas para distribuir a quem tem fome, confeccionando máscaras e arrecadando álcool em gel para doar à população de rua.

Tantas demonstrações de gentileza e solidariedade deixam nosso coração quentinho e cheio de esperança de que podemos acreditar em dias melhores. Somos seres sociais, temos necessidade de conviver com outras pessoas, por isso mesmo, principalmente, nesse momento, ajudar o próximo é ajudar a nós mesmos.

E é sobre isso que desejo falar: estamos vivendo uma pandemia mundial. Hoje, enquanto escrevo, já são mais de 20 mil mortos de covid19 só no nosso país. Vivemos um momento difícil, delicado e cheio de incertezas e, por vezes, é normal sentir medo, ficar ansioso e angustiado. Cuide da sua saúde física e mental para que tenha condições de ajudar as pessoas que ama.

Se você está conseguindo fazer exercícios, cursos online, assistir milhares de lives, descobrir uma nova habilidade, fazer yoga, meditar, rezar, ajudar os filhos com as lições, fazer comida, desinfectar a casa toda hora e trabalhar, ótimo. Mas se você não está, acalme-se. Entenda que não estamos em uma competição, que quarentena não é férias, que as publicações nas redes sociais são apenas um pequeno recorte da vida alheia – não se compare! – e que o mais importante neste momento é se manter são e salvo.

Preste atenção em si mesmo. Identifique seus sentimentos e emoções. Entenda que diante de uma situação que não podemos controlar é normal sentir-se vulnerável e que vulnerabilidade não é fraqueza. Expor sentimentos e emoções é um ato de coragem. Se necessário peça ajuda profissional.

Cuide bem da pessoa que nunca irá lhe abandonar: você mesmo. E, assim, ajude plenamente as pessoas e distribua amor por aí.

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Feliz Páscoa

Em meio a pandemia mundial, a Semana Santa deste ano foi muito diferente. Para garantir que comemorássemos da maneira que estamos acostumados, pesquisei as lojas que estavam entregando Ovos de Páscoa e compramos com antecedência o peixe para fazer na sexta-feira santa. Costumes e tradições são coisas engraçadas, né? Mesmo não sendo religiosa, sigo alguns rituais que minha mãe, muito católica, fazia. E, de certa maneira, eu me sinto mais próxima dela e de tudo que me ensinou.

Mas tentar manter a normalidade quando não há nada normal é uma sensação estranha e, ao ler notícias de mercados de peixe com filas quilométricas, supermercados fechados e lojas de chocolates cheias eu fiquei me questionando: precisamos colocar nossa vida em risco para cumprir rituais? Em meio a uma pandemia mundial precisamos fazer tudo exatamente como fazíamos antes?

Não precisamos. Esta é a resposta. Até quem acredita em deus deve concordar que ele não gostaria que as pessoas arriscassem suas vidas e colocassem as de outras em risco. Podemos atrasar a entrega do ovo de Páscoa, deixar o peixe para outro dia, fazer compras em segurança com os mercados mais vazios. Querer fazer tudo exatamente igual, mesmo em momentos adversos, demonstra resistência a mudanças.

Está tudo diferente agora e precisamos aceitar isso. E quanto mais rápido aceitarmos, mas rápido nos adequamos. Estamos vivendo um momento histórico que, posteriormente, será relatado em livros e estudado por gerações. Teremos a oportunidade de ver a mudança de várias coisas à nossa volta e nada poderemos fazer além de aceitar, nos adequar e mudar também.

As relações familiares, o ensino, o trabalho, a contratação de serviços, a compra e venda de produtos, em pouco tempo, ganharam uma nova dinâmica. Certamente, muito mais está por vir. Independente da nossa vontade. Por isso é necessário questionar nossas relações, refletir sobre nossos anseios, questionar nossas certezas e nos adequarmos a nova realidade.

Quando sairmos da quarentena o mundo não será o mesmo de antes, pois ainda que façamos um enorme esforço para manter as coisas tal como as conhecemos, teremos mudado de alguma maneira. O novo sempre vem. É, portanto, tempo de recomeço e renascimento e, neste sentido, nunca tivemos uma Páscoa tão profunda.

Feliz Páscoa. Mesmo com atraso.

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Casamento e quarentena

No final de março li algumas matérias dizendo que a China que registrou recorde de divórcio após a quarentena. Eram 14 por dia e os cartórios já estavam sem horário de atendimento. Não faço ideia de quantos casamentos tenham sido desfeitos e não procurei por esta informação. Mas, vivendo o período de distanciamento social no Brasil, não é difícil acreditar que aqui acontecerá o mesmo.

O distanciamento social a qual estamos sendo submetidos é importante para resguardar a saúde e bem-estar social. Escolas e universidades estão fechadas e a maioria delas substituiu as aulas presenciais por online,  empresas concederam férias aos empregados ou autorizaram o trabalho remoto, somente quem trabalha com serviços essenciais está circulando nas ruas e indo ao trabalho para assegurar que tenhamos o essencial para viver durante este período.

Tudo isso mudou a dinâmica familiar. Marido e mulher, pais e filhos, estão mais tempo juntos. Sem poder ir ao shopping, sem poder bater perna na rua, sem poder comer num lugar diferente, sem ir à praia, sem sair para trabalhar, sem deixar os filhos na escola, sem deixar as crianças na casa de parentes ou amiguinhos, sem visitar familiares, sem ir a festas. A casa virou ambiente familiar, corporativo, acadêmico. Quem tem filhos pequenos precisa acompanhar os estudos deles, além de dar conta do trabalho e cuidar dos fazeres domésticos.

Não está fácil para ninguém. Um isolamento imposto, do qual não sabemos quando iremos sair e não temos qualquer controle, é diferente de passar um final de semana em casa, de pijama o dia todo, porque optou por fazer isso. Mesmo reconhecendo a importância desta atitude agora e certos de que a casa é um lugar seguro, é normal sentir ansiedade, medo e insegurança em relação ao futuro.

Mas, diante de tantos relatos, arrisco dizer que no Brasil acontecerá o mesmo que na China: um recorde de divórcio depois que a quarentena terminar. Acredito que muitos casais já tinham problemas e ignoravam. Pelo bem dos filhos, por medo de ficar sozinhos, por vergonha da sociedade, por achar que as coisas um dia iriam mudar, por acreditar que casamento é assim mesmo. Eu não sei. Cada um tem suas razões.

Certamente, pessoas se desentendem, divergem, discordam. Inclusive pessoas que se amam. Uma pandemia mundial leva a muitas reflexões. E quando se trata de casamento muitos devem estar se perguntando: vale a pena continuar junto? Isso é um casamento feliz? É esse relacionamento que quero cultivar? Até que possam vir a perceber que o amor da sua vida não se encaixa mais na sua vida.

Se você está vivendo um problema conjugal nesta quarentena, procure ajuda profissional. Se já tinha um histórico de crise de ansiedade, depressão ou qualquer problema psicológico, procure ajuda profissional. A família não é responsável pelos seus problemas, é preciso se ajudar para ser ajudado. Atendimentos online estão autorizados e são importantes neste momento.

Se você é casado, tem filhos, e toda essa mudança repentina em sua rotina não está causando grandes problemas, sinta-se privilegiado e agradeça por isso.

Esse momento vai passar. Tudo vai passar.

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Como manter o equilíbrio emocional em tempos de Coronavírus?

O COVID-19 chegou ao Brasil. O que antes era uma preocupação distante passou a impactar a vida de todos nós. No Rio de Janeiro, assim como em outros lugares, as aulas estão suspensas, eventos culturais e esportivos foram adiados, locais públicos, como parques e museus, estão fechados à visitação e empresas estão adotando medidas para diminuir o avanço do novo coronavírus.

Embora muitas pessoas ainda não acreditem na gravidade do novo coronavírus, e não estejam respeitando todas as orientações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já declarou, no dia 11 de março, que se trata de uma pandemia. E a nossa rotina já mudou. De alguma maneira mudou. O aumento do número de infectados, as primeiras mortes no Brasil e o reconhecimento da possibilidade de escassez de recursos faz com que muitos de nós estejam com medo e pode levar ao desenvolvimento de crises de ansiedade e depressão.

É difícil lidar com a realidade de que não sabemos quando e nem como essa toda essa crise irá acabar. Muitos não sabem se vão conseguir manter o emprego. Pais estão lidando com as crianças em casa tendo que trabalhar – ou desesperados por serem autônomos e não ter trabalho -, filhos impossibilitados de verem os pais para preservá-los, eventos sendo desmarcados, planos sendo repensados. Não temos controle de nada. E em momentos como este isso fica ainda mais evidente.

Diante de tudo isso, como manter a nossa estabilidade emocional ? Vivendo um dia de cada vez. A situação é grave, não podemos ignorar e desvalorizar o que está acontecendo, mas não há saúde mental se não continuarmos vivos. Precisamos cuidar da nossa saúde física, cumprindo as diretrizes dos especialistas da área de saúde. Se está suspenso das aulas e do trabalho presencial, não fique passeando. Não é período de férias. Tenha contato com o menor número possível de pessoas, preocupe-se com a sua higiene, se alimente bem, procure ter uma boa noite de sono.

Eu sei que não é fácil ver a rotina mudar de uma hora para a outra e não poder planejar o que vai ser daqui para a frente. Mas essa fase vai passar. Uma hora vai passar. E, para que passe mais rápido, todos precisamos nos cuidar, cuidar de quem amamos e nos mantermos fortes.

Crônica publicada no dia 18 de março de 2020 no blog pessoal da autora.

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