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Lavando roupa suja nas redes sociais

A maioria das pessoas utiliza redes sociais e, provavelmente, já se deparou com desabafos de todo tipo. Há uma quantidade enorme de indiretas, de gente que se acha alvo de inveja, de críticas de todo tipo e, não raro, publicações que sabemos que são para o cônjuge, namorado ou até o crush.

Eu não tenho nada com isso, claro. E, como diz o ditado, se conselho fosse bom ninguém dava, vendia. Mas vou dar assim mesmo: não seja essa pessoa. Falando em ditado popular (adoro e conheço muitos!), roupa suja se lava em casa. É provável que essas publicações tragam ainda mais problemas para a relação.

Além disso: nem todos torcem pela sua felicidade. Há pessoas que pela frente demostram apoio e por trás fazem críticas e, mesmo aquelas que gostam de você não podem solucionar seus problemas. Cuidar do seu relacionamento e resolver as dificuldades é uma delas.

Quer desabafar? Procure um familiar ou amigo de confiança que realmente se interesse pelo seu bem-estar, que irá ouvir suas dificuldades e prestará o apoio que precisa. Nas redes sociais as pessoas nem têm tempo. E muitas vezes estão ali só para saber da vida alheia. Preserve-se.

Já vi muita gente fazer publicações sobre as crises amorosas e, tempo depois, publicar fotos lindas e românticas. Sem contar as pessoas que falam mal do ex e depois reatam o relacionamento. Antes de publicar alguma coisa negativa sobre o seu relacionamento nas redes sociais, respire. E reflita: é necessário? Vai ajudar em alguma coisa? Vou solucionar o problema? O outro vai se sentir invadido?

Se as coisas andam tão mal que a vontade de publicar nas redes sociais e dizer ao mundo o que está acontecendo é grande, vale pensar se não é hora de buscar ajuda profissional. Ou terminar a relação. Quando um relacionamento é saudável as pessoas querem fazer declarações, exibir fotos, não ficar enviando indiretas (ou diretas mesmo!), reclamando e brigando aos olhos de todo mundo.

linhaassinatura_GISELI

 

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Rolezinho pelo Facebook

Esse Facebook é uma caixinha linda, cheia de inspiração, não é verdade? Eu aqui reclamando que não tenho mais inspiração para escrever, e o Facebook só floresce. Diariamente temos toda qualidade de frases, pensamentos, indiretas, política, estupidez, ostentação, cada um dono da mais perfeita verdade. E o que nos sobra? Falar de tudo isso, claro.

Entretanto, este não é um texto sobre redes sociais. Mas, é tanta gente falando de amor, felicidade, sorte… é tanta fórmula pronta, que você já não faz a menor ideia onde elas se encaixam. O passado nos ensina, o passado deve ser deixado para trás, não dê prioridade para quem te tem como opção, felicidade é o caminho, o mundo é injusto para quem é bom, Deus está no comando, o gigante acordou, o gigante dormiu, e eu aqui me perguntando o que faço de mim com tanta informação.

Pra começar, gosto de organizar minha vida de modo que ela me proporcione o que mais prezo: a paz. As pessoas que me conhecem normalmente têm a impressão de que eu não preciso de coisa alguma. Não sou de reclamar de nada além do óbvio: o calor, atendimento de telemarketing, bancos, dificuldades no trabalho, algum problema doméstico, enfim. Há milhares de coisas que eu gostaria de fazer, comprar, realizar, mas o fato de (ainda) não conseguir, não é um problema. Preciso mudar de casa, porque não estou satisfeita aqui, mas isso também não é um problema. Minha falta de sorte com os homens também não é um problema. Por que nada parece um problema? O que está dentro de mim ninguém sabe, mas a minha vida não tem que ser um problema. Pra ninguém. Claro que minha mãe discorda dessa minha última frase.

Um montão de coisas me entristece. Outras milhares que tiram o meu sono. Outro dia a minha filha estava chorando, e eu tentei consolá-la dizendo que eu estava aqui pra cuidar dela. E ela me perguntou: “E quem vai cuidar de você?”. Bem, minha família cuida de mim, da gente… Mas, no preto e branco, somos eu e ela. Mudar de casa se torna um problema quando eu deito na cama e não consigo dormir pensando nisso. Quando meu orçamento não dá e tenho que arrumar um jeito de me virar. Quando tenho que discutir com aquele atendente da minha TV por assinatura, porque a empresa está me roubando dinheiro, quando pago por um serviço e não tenho. Minha falta de sorte com homens vira um problema quando me sinto no meio do insípido vazio. Acho que, no final das contas, os problemas da minha vida são problemas apenas meus. Então, quando inevitavelmente preciso usar a velha frase “isso é um problema meu” é porque é verdade.

Há dois olhares aqui, e o que eu escolhi foi o primeiro. No entanto, uma escolha não anula a outra. As duas existem. Para você que me vê nas redes sociais, a minha vida é ótima. E é. E isso não tem nada a ver com dinheiro, status, vida amorosa ou essa aparente anestesia diante aos fatos. Ela é ótima a partir do momento que eu sei lidar com tudo isso, simplesmente porque é assim que tem que ser. Eu estou onde a paz me permite ficar. Não finjo felicidade. Não ensaio um sorriso. Talvez haja alguém que me ache triste. Há os dias que me acho triste, mas há pessoas que também só olham o que querem ver.

 

linhaDanielle Means .

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Vida facebookiana-instagramizada

Ah, essa vida maravilhosa de corpos malhados, sorrisos talhados em fotos milimetricamente filtradas! Coisa linda, minha gente! Pixel a pixel, as pessoas se esforçam para imprimir não apenas o sorriso perfeito, mas a própria quintessência da beleza, sucesso, bem-aventurança, enfim, da felicidade suprema – coisa que obviamente não encontra ar fora das redes sociais.

Ora, veja… Como sou cidadã crítica da futilidade cibernética! Peraí que eu mereço um meme!

ui

(Aliás, já morreu o “ui”, né, gente? Puxa vida, já vai tarde).

Mas não se iludam, como eu sempre digo: eu sou uma fraude. Eu também dou aquela editada sagaz em mim mesma. Foto da minha barriga, por exemplo, em redes sociais NUNCA SERÁ. Minhas imagens postadas são sempre o resultado menos pior de uma série de cinco (no mínimo!).

Mas também já postei vários status queimadores (carbonizadores!) de filme sobre, sei lá, como é difícil viver numa casa onde o café é feito direto no copo de requeijão porque a jarra da cafeteira quebrou e a dureza momentaneamente me impede de comprar outra (jarra! Que dirá, cafeteira!). Só que parei de brincar assim (ou pelo menos aliviei) porque me percebi um bicho esquisito, uma hiena, talvez, em meio a uma selva composta apenas por felinos de fino trato.

Todo mundo quer mostrar sua melhor versão. E que problema há nisso? De verdade-verdadeira, nenhum. Mas da maneira como vejo, são as perdas, os momentos pouco edificantes que nos fazem humanos. Ser vitorioso o tempo todo dá tanto trabalho que transforma esses felinos em seres mitológicos, verdadeiros deuses e semi-deuses do Olimpo! E você acha que tem cerveja no Olimpo? Caipirinha? Playlist que vai de Elis a Audioslave passando por Sidney Magal? Tem nada, rapaz! Ah, eu canso… Dá não. (Tá descendo essa nuvem? Segura pra mim então!)

Tirando meu mal humor e preguiiiiça, tudo isso seria inofensivo e não valeria indignação alguma se não viesse atrelado à maior dificuldade da vida nessa sociedade facebookiana-instagramizada: o total desinteresse pelos relacionamentos.

É tanto tempo perdido em busca do filtro perfeito que não dá para aprofundar conversa nenhuma! E isso, levado às últimas consequências, acaba por produzir uma horda de seres humanos (ou felinos?) que passam anos sendo exatamente os mesmos, como se tivessem encontrado a fonte da juventude emocional. Simplesmente não amadurecem.

Você pode estar se perguntando… “Meu Deus! Da simples dificuldade em aprofundar as conversas chegamos a um surto de não-amadurecimento?? O que vem depois?? A volta da doença da vaca louca?? O que está acontecen-dú-uh? Eu estava em paz, quando esse texto do Amor Crônico chegou”.

Mas calmem que eu dei um salto no meu rançiocínio. Eis o pulo gato (ou seja, do felino! Huiahuiahuia):

Minha teoria (ou de alguém bem mais inteligente e que eu desconheço, ou alguém que conheço mas não lembro agora, num movimento inconsciente – porém nítido! – de roubar a ideia alheia) é que a gente cresce através das relações.

Cada relacionamento oferece oportunidades diversas de crescimento emocional, de amadurecimento. E a diversidade de relacionamentos nos oferece a diversidade de oportunidades diversas de amadurecimento (entenderam? É tipo, diversidade ao cubo!).

Relacionamento com os pais (e mães!) não é capaz de nos levar a fase adulta, embora a família construa essa base. Quanto mais eles nos ajudarem a lidar com frustrações e regras, melhor nos sairemos na vida adulta. Mas eles, nossos pais, só nos trazem até uma antessala da vida real. Daí pra frente passamos a depender de outras relações; amigos, amores, colegas, vez por outra um vizinho, os chefes, depois os filhos, genros/noras, netos, talvez até a enfermeira do asilo… uma pessoa disponível ao relacionamento nunca para de amadurecer.

Ah, mas nessa selva maravilhosa de felinos filtrados e estilizados, os relacionamentos parecem ter perdido muito território (não mijou nos cantos, deu nisso).

Compreensível, afinal, como se aprofunda uma relação sem uma de boas conversas? (Rapaz, que trocadilho sutil, agora, hein. Achei digno. Sei nem por que, mas achei).

O que mais se vê por aí é gente repetindo as relações, alternando apenas o “invólucro” daquilo com o que se relacionam. E essa falta de diversidade de relações transforma gente muito boa em tristes e eternas reprises de si mesmas.

O amor, por outro lado, está bombando nas redes sociais: distribui-se tal palavra indiscriminadamente! Aliás, estamos todos “amando” freneticamente, da mesma maneira que o “ódio” também se popularizou enquanto expressão idiomática. Eu (que sou uma fralde, não se esqueçam) vivo comentando “AMO!” e “ÓDIO” nas postagens dos amigos.

Mas de tantos amores proferidos interneticamente, quantos se resumem à fusão do símbolo matemático de “menor”  (<) com o algarismo “três”? (Ou à das letras “s” somadas com o algarismo “dois”? Esse NEM PARECE coração, gente! Noção, por favor).

Nenhum emoticon conta se não for acompanhado de um encurtamento de distâncias, de um jeito de estar junto que pode até ser cibernético, mas nunca virtual.

Então, se você tiver UMA pessoa em sua timeline realmente disposta a se deixar conhecer e a te conhecer também, não perca tempo. Aprofundem-se juntos.

Em tempos de facebook e instagram, a melhor coisa que você pode fazer por si mesmo é encontrar alguém com quem rasgar o tecido da fantasia (aquele estampado de oncinha).

Estejam abertos para aprofundar as conversas e relacionamentos. Encontrem parceiros para cavar seu abismo e dar a mão na hora do pulo.

Felinos perfeitos tem medo de altura.

felino perfeito

linhaAna Márcia Cordeiro

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